Agentes "derrapam" com kart que simula embriaguez

Agentes da PSP aceleraram e "derraparam" ao volante de um kart elétrico que simula a condução sob o efeito de álcool, numa iniciativa realizada em Évora, em que "vestiram" a "pele" de automobilistas embriagados.
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A experiência, que decorreu entre risotas e boa disposição, num circuito improvisado nas instalações do Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE), foi proporcionada pela GARE - Associação para a Promoção de uma Cultura de Segurança Rodoviária.

O objetivo foi dar aos agentes do Comando de Évora da Polícia a oportunidade de experimentarem, na prática e sóbrios, os efeitos da embriaguez na capacidade para conduzir.

Perto de uma dezena de agentes, das esquadras de Évora e de Estremoz, pilotou o Alcokart, um kart elétrico que simula os perigos do álcool e de outras substâncias, nomeadamente psicotrópicas, para a condução.

Trata-se de uma ferramenta pedagógica criada pela GARE e usada, sobretudo, na sensibilização dos alunos das escolas, estando agora a ser aplicada junto de elementos de outras entidades que trabalham na área da segurança rodoviária, como a PSP ou GNR.

"A sensação é estranha", admitiu à agência Lusa a agente principal Sandra Serrachino, logo depois de conduzir a viatura e de ter "abalroado" vários cones de sinalização, que delimitavam o percurso a seguir.

A mesma agente policial defendeu mesmo que, nas fiscalizações e sensibilizações reais nas estradas, a PSP deveria contar com um simulador do género, porque "faria a diferença" para os automobilistas interiorizarem os alertas.

"Quando tentamos transmitir as mensagens, há sempre aquelas palavras de 'estou bem' ou 'vou devagar'. Se pudéssemos ter um simulador, as pessoas assumiriam melhor" aquilo que é "uma realidade", a de que quando se bebe, não se conduz, sublinhou.

Igualmente impressionada ficou a agente principal Dina de Deus, apologista de que "a prática é melhor do que a teoria".

Ao conduzir o kart, a "maior dificuldade" foi "não conseguir controlar" a viatura e "ver os cones à frente", sentindo-se afetada nos seus reflexos, visão e coordenação motora: "Acho que se fosse com um muro, entrávamos em pânico", frisou.

"Se fossem pessoas, não sei quantos feridos faria", brincou Sandra Serrachino, alertando, contudo, para a seriedade deste assunto, pois, as mortes na estrada não são "brincadeira".

Um aviso repetido pela coordenadora da GARE, Ana Rita Lavado, lembrando que a condução sob efeito de álcool dá a sensação de controlo da viatura, mas nada está mais longe da verdade, como é confirmado pelas estatísticas.

"Infelizmente, na faixa etária entre os 25 e os 30 anos morre-se muito na estrada" e Portugal tem "um grande peso" nas estatísticas da sinistralidade rodoviária, a nível europeu, referiu.

É para esta realidade "negra" que o Alcokart quer alertar, trocando boas práticas com entidades na área da segurança rodoviária e dando aos jovens a experiência "de conduzirem sóbrios" e de "como é conduzir sob a influência do álcool".

"O que queremos é que fique na memória" porque, assim, "pode-se conseguir diminuir a taxa de mortalidade", já que "a morte na estrada é evitável", sublinhou a coordenadora da GARE.

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